Revista Maitreya 049

13 também. Eu creio que, às vezes, há necessida- de de se apelar a um poder que seja superior a nós, se é que queiramos nos libertar dessa questão das objeções. Em certa ocasião, em que ia um monge budis- ta caminhando, lá por essas terras do mundo oriental, em um inverno espantoso, cheio de gelo e de neve e de animais selvagens – claro, isto ocasionava sofrimentos ao pobre monge, naturalmente, protestava, punha suas objeções. Porém teve sorte: quando estava desmaiando, em meditação lhe aparece Amitaba , isto é, Amitaba , na realidade, é o Deus interno de Gautama , o Buda, Sakyamuni , e lhe entregou um mantra para que pudesse, pois, manter-se forte e sem fazer objeções; algo que lhe aju- dasse para não ficar protestando, a todo mo- mento, contra si mesmo, contra a neve, contra o gelo, contra o mundo. Esse mantra é utilíssi- mo: vou vocalizar bem para que o gravem em sua memória e para que fique gravado também nestas fitas que vocês trazem, aqui, em seus gravadores: GAAATEEE , GAAATEEE , GAAATEEE . É melhor que o soletre: G - A - T - E . Entendi que esse mantra permitiu àquele monge budis- ta abrir o Olho de Dangma , e isso é interessan- te. Relaciona-se com a iluminação interior profunda e com o vazio iluminador... Houve necessidade dessa ajuda, porque não é fácil deixar de fazer objeções a tudo: à vida, ao dinheiro, à inflação, ao frio, ao calor etc. Muitos protestam porque está fazendo frio, protestam porque está fazendo calor, protes- tam porque não têm dinheiro, protestam por- que um mosquito os picou – por tudo estão protestando; quando alguém, na realidade e de verdade, vive sempre fazendo objeções, preju- dica-se horrivelmente, porque o que ganhou por um lado (dissolvendo o “ ego ”), por outro lado estará perdendo (o que conseguiu), com suas objeções. Se a pessoa está lutando para não sentir ira, mas está fazendo objeções, ob- viamente, pois, o demônio da ira volta e reco- lhe força. Mesmo que alguém esteja lutando terrivelmente para eliminar o demônio do or- gulho, mas faz objeções à má situação, a isto ou àquilo, volta a fortificar esse demônio. Mesmo que esteja fazendo esforços para aca- bar com a abominável luxúria, mas se em de- terminado momento faz objeções, “ porque a mulher não quer ter relações sexuais com ele ”, ou a mulher, “ porque o esposo não a procura ” – e cinquenta mil objeções assim desse estilo – está, pois, fortificando o demônio da luxúria. De maneira que se por um lado estamos lutan- do para eliminar os agregados psíquicos, e por outro lado os estamos fortificando, simples- mente estancamos. Desse modo, se vocês que- rem, na realidade, desintegrar os agregados psíquicos, têm que terminar com essa questão das objeções. Se não procederem dessa forma, estancam inevitavelmente, não progredirão de modo algum. Quero, pois, que entendam isso, meus estimá- veis amigos, que o compreendam de uma vez. Bem, termina aqui a cátedra dada hoje. Entre- tanto, deixaremos facultada a palavra para as perguntas que os irmãos queiram fazer. Vamos, fala irmão... Discípulo: Mestre, se diz que “o silêncio é a eloquência da sabedoria”. Muitas vezes se diz que “é tão mau calar quando se deve falar, co- mo falar quando se deve calar”. E há vezes em que é necessário falar, talvez em momentos de defesa, quando o estão atacando, injustamen- te, talvez. Gostaria que me esclarecesse, pois, este aspecto. Mestre: Todos têm o direito de falar, porque não são mudos, nem ninguém lhes costurou a língua. Porém o que não é conveniente jamais, para o nosso próprio bem, é estar fazendo ob- jeções, estar protestando, trovejando e relam- pejando porque está fazendo calor, porque es- tá fazendo frio, desgostoso com tudo. Isso nos conduz, naturalmente, ao fracasso. Necessita- mos, repito, não fazer objeções. Deve-se dizer o que se tem que dizer: a verdade e nada mais que a verdade e deixar, aos outros, a liberdade para que opinem como lhes venham na vonta- de, porque cada um é livre para dizer o que quiser. Se alguém procede assim, se a toda ho- ra está fazendo objeções, destrói sua mente, destrói seu próprio cérebro e ocasiona muitos danos a si mesmo. Ademais, fortifica o “ Ego ” , em vez de dis- solvê-lo.  BIBLIOGRAFIA: Décima Segunda Lição do livro INTRODUÇÃO À GNOSE, do Venerável Mestre Samael Aun We- or. Editora IGA Fênix. 2017. 13

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