Revista Maitreya 049
26 26 exige que ele conserte Nothung; mais uma vez, então, o gnomo tenta unir as partes da espada, mas fracassa. O perverso gnomo, apavorado ante a ameaça de Siegfried, deixa-se cair impotente junto à bigorna. Repentinamente aparece o deus Wotan, disfarça- do de viajante, envolto em um longo manto azul escuro e trazendo na mão, como bastão, sua po- derosa lança. Ele propõe a Mime um perigoso jogo de charadas, que é aceito. Mime, então, co- meça a perguntar ao velho: “ Qual o nome das raças que vivem abaixo do solo, na superfície e nos céus? ” O andarilho responde corretamente, dizendo que são os nibelungos, os gigantes e os deuses, respectivamente. Depois foi a vez do anão responder outras charadas. A primeira era: “ Qual a raça mais amada por Wotan? ”. A segunda: “ Qual o nome da espada que pode destruir Fafner? ”. E a terceira: “ Quem é a única pessoa capaz de forjar a lâmina da es- pada que pode matar o dragão? ” Mime responde corretamente as duas primeiras perguntas: os Welsungos e Nothung, respectivamente. Entre- tanto, ele é incapaz de responder a última, a mais importante de todas e que poderia lhe custar a vida. Mesmo sem ter solucionado a charada completa, Wotan livra Mime, explicando que somente quem não conhece o medo pode refor- jar Nothung e que também sua “ cabeça ” perten- ce a tal pessoa. Neste ponto, Mime se lembra que o medo era justamente o que não havia ensinado ao menino. E então, voltando à sua costumeira hipocrisia, diz a Siegfried: “ Quero te ensinar o que ainda não sabes, quero te dar a conhecer o Medo!... ” Mime, o nibelungo interesseiro e cruel, promete ensinar Siegfried sobre o medo, levando-o ao en- contro do dragão Fafner. Além disso, após a der- rota do dragão, já o esperaria com um cálice de bebida envenenada, para evitar sua própria mor- te. Este seria seu plano para matar Siegfried, as- sim que ele derrotasse o dragão. Tal armadilha contém a sutileza e o refinamento com que, muitas vezes, se veste a monstruosa e repugnante crueldade humana que, para atingir seus ideais obscuros, sempre precisará afastar de seu caminho a luz da inocência e da sinceridade e, assim, usurpar o poder do conhecimento que não lhe pertence. Então Mime deverá recompor Nothung, a espada verdadeira, herança do pai de Siegfried, porém mais uma vez seus esforços resultam em nada; o herói a quebra contra a bigorna como se fosse um frágil cano. Leitmotif da Nothung: https://www.youtube.com/watch? v=GSXwfKMpsmk&list=PL66781E476D3C8 8A1&index=44 O que fazer? Ora, o que é certo e justo! Cada qual deve forjar a própria espada, símbolo da força da vontade e do poder flamígero do inicia- do. No caminho iniciático gnóstico , tal joia é con- quistada após grandes lutas e supremos esforços do adepto; isso ocorre na Primeira Iniciação de Fogo e, a respeito disso, nosso V. M. Samael re- lata que “... aconteceu, como corolário, quan- do a serpente ígnea de nossos mágicos poderes fez contato com o átomo do Pai, no campo magnético da raiz do nariz ”. E acrescenta: “ Eu aguardei, com ansiedade infinita, a data e a hora da iniciação; tratava-se de um 27 sacratíssimo. Wagner, conhecedor dos mistérios, coloca-nos em frente do valoroso e sábio Siegfried, que co- nhece intuitivamente a têmpera e domina a forja para moldar a espada verdadeira. Nas palavras de D. Mario Roso de Luna assim, fará Siegfried: ...primeiro lima o material de sua espada redu- zindo-a a átomos impalpáveis, porque de pó e névoa cósmicos se condensaram os mais colos- sais astros; submete logo ao fogo de purificação as limagens, detritos kármicos dos desacertos do homem em passadas vidas; molda depois o con- “ SIEGFRIED ”
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