Revista Maitreya 049

6 motor-instintivo-sexual, manifesta-se através dos hábitos, costumes e movimentos. Franzi- mos o entrecenho quando ficamos austeros. Ficamos deprimidos ou sorrimos alegres sob o impulso, do centro motor. Saltamos e pula- mos cheiros de alegria com uma boa notícia. Nossas pernas tremem diante de um perigo iminente. Eis aí a tese e antíteses atuando no centro motor, a Lei do Pêndulo. Conclusão: somos escravos de uma mecânica. Se alguém nos dá palmadinhas no ombro, sor- rimos tranquilos; se alguém nos dá uma bofe- tada, respondemos com outra; se alguém nos dirige uma palavra de louvor, sentimo-nos fe- lizes, mas se alguém nos fere com uma pala- vra agressiva, sentimo-nos terrivelmente ofen- didos. Em resumo, somos maquininhas sub- metidas à Lei do Pêndulo, cada um pode nos manejar à vontade. Querem nos ver contentes? Deem-nos algumas palmadinhas nas costas e digam-nos algumas lisonjas ao ouvido e fica- mos contentíssimos. Querem ver-nos cheios de ira? Digam-nos uma palavra que nos fira o amor-próprio, digam-nos qualquer palavra du- ra, e nos verão também ofendidos, iracundos. Dessa forma, a psique de cada um de nós, na realidade, está submetida à vontade dos de- mais. Não somos – isso é triste dizer – donos de nossos próprios processos psicológicos, so- mos verdadeiras marionetes que qualquer um maneja. Se eu quero vê-los, contentes, basta que lhes diga palavras doces ao ouvido, ou elogie, e ficarão felizes. Se quero que fiquem desgostosos comigo, ponho-me a ofendê-los e, então, vocês franzem o cenho, a sobrancelha. Já não me verão “ com doces olhos ”, como o fazem neste momento, mas sim de forma ira- cunda, com “ olhos de pistola ”. Porém, se eu quero tornar a vê-los contentes outra vez, vol- to e lhes falo docemente. Conclusão: vocês se convertem, para mim, em um instrumento no qual posso tocar melodias, sejam doces, gra- ves, agressivas ou românticas, como quiser. Então, onde está a individualidade das pesso- as? Pois, não a possuem, se não são donas de seus próprios processos psicológicos. Quando alguém não é dono de seus próprios processos psicológicos, não pode dizer, realmente, que possui uma individualidade. Vocês saem, por exemplo, à rua, vão muito contentes, enquanto não houver algo que os desgoste. Vão, talvez, dirigindo seu carrinho e, por aí, vem um louco, desses que andam pe- la cidade, que os ultrapassa pela direita e lhes dá uma fechada. Isto os ofende terrivelmente. Vocês não protestam nesse momento com a palavra – protestam com a buzina, pelo menos – mas não ficam sem protestar. Quer dizer, a pessoa do carrinho que os ultrapassou, que os ofendeu, que os aborreceu, os fez mudar total- mente. Se iam contentes, encheram-se de ira; então, aquele do carrinho pôde mais sobre vo- cês, pois conseguiu manipular suas psiques, e vocês não. Estão vendo, pois, a Lei do Pêndulo? Bom, ha- veria alguma forma de escapar desta terrível Lei mecânica do Pêndulo? Vocês creem que existe alguma maneira de escapar? Se não a houvesse, estaríamos condenados a viver uma vida mecânica per secula seculorum, amém .... Obviamente, tem que haver algum sistema que nos permita evadir-nos dessa Lei ou manejá- la. O sistema existe realmente. Temos que aprender a nos tornar compreensivos, reflexi- vos, aprender a ver as coisas na vida, tal como são. Evidentemente, qualquer coisa na vida tem duas faces. Uma superfície qualquer está nos indicando a existência de uma face oposta; isso é inquestionável. A face de uma moeda sugere-nos o reverso da mesma. Tudo tem du- as faces; as trevas são o oposto da luz. Nos mundos suprassensíveis, pode-se evidenciar que, ao lado de um Templo de luz, existe sem- pre um Templo tenebroso; isto é claro. Porém, por que cometemos o erro de nos alegrar dian- te de algo positivo e de protestar ante algo 6

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