Revista Maitreya 049
9 nem com facas; não, não, não, falaram mal dela, a caluniaram publicamente, a traíram etc., entre “ tantas outras coisas ”. Conclusão: a pobre mor- reu, cheia de sofrimentos... Eu, francamente, o lamento muito, mas esse gosto não vou dar a todos os irmãozinhos do Movimento. Eu vejo, em cada irmãozinho, du- as faces. Um irmão que hoje está conosco, um irmãozinho que estuda nossa Doutrina, eu o aprecio e o amo, mas no dia em que se retirar, para mim é normal que se retire; estranho é quando alguém fica por muito tempo. Porém, para aprender esta horrível lição, tive que so- frer fortemente. Os primeiros, sim, foi como se me cravassem um punhal no coração; já de- pois, me saí melhor, parece que fez um calo no coração. De maneira que não vou me com- portar como Blavatsky, porque estou vendo as duas faces de qualquer questão; estou em uma terceira posição, na posição em que está o co- ração quando está se preparado para sua sísto- le. Ele está em estado de alerta, absorvendo – em suas profundezas – , preparando-se, organi- zando-se, para em seguida se recolher, se comprimir e lançar o sangue pelo organismo. Melhor dizendo, considero que é melhor estar no centro de um círculo mágico do que nos extremos do Pêndulo. Esse centro, no Oriente, na China, especialmente, chama-se Tao. Tao é o trabalho esotérico-gnóstico, Tao é o caminho secreto, Tao é algo muito íntimo, Tao é o Ser. Quando alguém vive no centro do círculo, não está, pois, metido nesse joguinho mecânico da Lei do Pêndulo, não está submetido a essas alternativas de angústias e de alegria, de triun- fo e de fracasso, de alegria e de dor, de otimis- mo e pessimismo etc., não. Liberou-se da Lei do Pêndulo, isso é óbvio. Porém, repito, há que aprender a ver cada coisa em suas duas faces: positiva e negativa, e não se identificar nem com uma nem com outra, porque ambas são passageiras, tudo passa; na vida tudo pas- sa... Dentro deste mundo que poderíamos chamar de intelectual , sempre se tem uma certa aver- são às opiniões. Porque entendi que uma opi- nião emitida não é mais do que a exterioriza- ção intelectiva de um conceito, com o temor de que outro seja o verdadeiro. Isto, natural- mente, indica excessiva ignorância, isto é gra- ve, aí estão as antíteses. Não entendo, ainda, não compreendo, o moti- vo por que certa Pitonisa sagrada disse a Só- crates que “ havia algo entre a sabedoria e a ig- norância ” e que “ esse algo era a opinião ”. Sin- ceramente, ainda que seja muito sagrada essa Pitonisa, não pude aceitar sua tese, porque a opinião vem, pois, da personalidade e não do Ser. A personalidade, realmente, conduz os se- res humanos para a involução submersa dos Mundos infernais. A personalidade, como di- zia em certa ocasião, tem muitos subterfúgios, é artificiosa, é formada pelos costumes que nos ensinaram, com essa falsa educação que recebemos nas escolas e colégios, que nos se- parou do Ser, que não guarda nenhuma relação com as distintas partes do Ser. Esta personali- dade é artificiosa. Como nos afasta do nosso Ser interior profundo, obviamente nos conduz por um caminho equivocado que nos leva para a involução do Reino Mineral submerso. De modo que penso – estou pensando aqui em voz alta – que quando alguém não sabe algo, é preferível calar-se a opinar, porque a opinião é o produto da ignorância. Alguém opina porque ignora; se não, não opinaria. Alguém emite um conceito com temor de que outro seja o verda- deiro. Vejam vocês esse dualismo da mente; é terrível o batalhar: a uma opinião se contrapõe outra. Na realidade, a personalidade se move dentro da Lei do Pêndulo, vive no mundo das opiniões contrapostas, dos conceitos antitéti- cos do batalhar das antíteses. Então, a persona- lidade não sabe nada e a opinião é produto da ignorância. Se analisamos o que é a personali- dade, que é a que origina a opinião, chegamos à conclusão de que a opinião é o resultado da ignorância. De maneira que o que essa Pitoni- sa disse a Sócrates parece equivocado. Sócrates pergunta, também, à Pitonisa – 9
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy OTI5NjY=